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Divisão de Logística Humanitária

Division of Humanitarian Logistics

DIVLOG

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Organização Bombeiros Unidos Sem Fronteiras – BUSF possui seus três pilares de atuação como sendo suas metas primordiais para adequação de uma resposta a Grandes Desastres. São eles: O Salvamento com equipes USAR, a Resposta Humanitária com estrutura de Tornar as populações resilientes no antes, durante e após ocorrências, além da formação, e capacitação de mão de obra especializada para operações de resgate, busca e salvamento propriamente dito.

 

A Logística Humanitária ainda pouco difundida no Brasil é um dos fatores primordiais para uma adequada resposta em quaisquer situações onde as populações tenham necessidade de suporte material e de viveres para a sua subsistência.

 

Para as respostas com Unidades de Força tarefa / USAR / Task-Force implica em ter em seus quadros, profissionais técnicos em logística voltados a atender as necessidades não somente de vítimas e seus parentes, mas como também dos próprios membros da equipe.

 

O tema tratado abaixo é um trabalho desenvolvido por Douglas Sant’Anna da Cunha – Técnico Logístico com vasta experiência em Desastres no Brasil e fora dele. Acreditamos que poderá contribuir com a organização de equipes que se propõem a oferecerem respostas nas situações de Grandes Desastres, seja no Brasil seja no exterior.

Gravata

 

A Logística é um dos componentes mais complexos da assistência humanitária, integrando conhecimentos militares de intendência e a cadeia de abastecimento da área empresarial. Todas as atividades relacionadas à assistência e apoio as vítimas por desastres, tanto nos atendimentos de socorro, quanto na estocagem e distribuição de donativos, precisam ser gerenciadas de forma eficiente.

 

Cabe a Logística a responsabilidade de planejar estratégias para agilizar e otimizar o processo de ajuda humanitária afim de minimizar os danos e proporcionar meios para o recomeço de forma íntegra e justa.

 

Introdução

 

Ao longo da história muitas definições foram dadas a logística, entretanto, dada a sua abrangência tentar descrevê-la em uma única forma, não seria possível. Na maior parte das pesquisas, seus autores afirmam que o significado desta palavra, provém do antigo substantivo latino logisticus, utilizado para designar os técnicos das finanças, controladores, contabilistas, intendentes do exército romano ou bizantino encarregados de efetuar o pagamento às tropas. Porém, outros autores afirmam que sua origem se deu na Grécia com a palavra logistiki (λογιστική), significando contabilidade e organização financeira. Em francês, loger significa apenas alojar ou acolher.

 

Muito além das nomenclaturas, a Logística destacou-se, inicialmente, como a ciência da movimentação, suprimento e manutenção de forças militares e, posteriormente, foi usada para especificar a gestão do fluxo de materiais numa organização, desde a matéria-prima até o feedback do cliente sobre o produto final.

Atualmente, tornou-se parte essencial nas empresas, onde responde pela gestão dos materiais, administra recursos financeiros, planeja a produção, o armazenamento, transporte e distribuição. Sua complexidade culminou em desdobramentos que hoje são conhecidos como:

 

- Logística Reversa;

- Logística Integrada;

- Logística Militar (Intendência); e

- Logística Humanitária.

 

Dentro das diferentes formas de atuação, podemos definir que a Logística Humanitária tem aspectos bem definidos e peculiares, principalmente por ter como objetivo a minimização do sofrimento de pessoas que se encontram em estado psicológico e físico vulneráveis, em meio a um ambiente extremamente comprometido.

Características da Logística Humanitária

 

Na logística empresarial, iniciam-se as atividades com o planejamento de acordo com dados previamente obtidos, com isso, pode-se dimensionar a necessidade em estrutura e recursos para atender a meta estipulada. Contudo, em um processo de desastre nem sempre é possível ter uma estruturação adequada e pronta para receber os recursos assim que se inicia uma ocorrência e é pela vertente da Logística Humanitária que podemos integrar conhecimento dos demais desdobramentos logísticos e gerar resultados eficazes.

 

Podemos definir algumas das principais características da logística humanitária como:

 

· O tipo de ocorrência gerado pelos desastres, normalmente exige uma resposta imediata apesar da falta de informações sobre a situação;

· Normalmente temos que implantar o centro logístico em meio ao processo sem uma estruturação prévia e juntamente com a chegada de recursos doados, de voluntários e até mesmo de vitimas da ocorrência solicitando apoio;

· As infraestruturas locais, dependendo da ocorrência, encontram-se danificadas, dificultando o trabalho para garantir a segurança e qualidade dos recursos doados;

· Tendo como maiores fornecedores, pessoas físicas que ao doarem recursos não enviam informação prévia de envio e especificação de carga como: tipo de produtos, quantidade, embalagem, estado de conservação dos itens, data de validade, entre outras informações;

· Na estruturação dos armazéns é necessário adaptar locais que nem sempre são criados pra esta finalidade, e na maior parte temos dificuldades na disponibilidade de equipamentos e recursos para auxiliar nas funções a serem desenvolvidas;

· Os recursos humanos necessitam de uma atenção maior na implantação do processo, pois a maior parte das vezes existe um excesso de voluntários sem formação ou sem conhecimento, movido puramente pela emoção; e

· Tempo também é um fator determinante e qualquer minuto a mais pode significar a perda de uma vida.

 

Logística na Defesa Civil Brasileira

 

De acordo com dados divulgados no fim de 2011, na página da Organização das Nações Unidas (ONU), baseados na pesquisa realizada pelo Escritório das Nações Unidas para a Redução de Desastres (UNISDR) e o Centro de Pesquisas de Epidemiologia em Desastres (Cred), onde 51 milhões de brasileiros foram impactados por catástrofes, e 90% dos desastres estão relacionados ao clima. Nesta pesquisa, o Brasil é o único país das Américas a aparecer entre os 10 países do mundo com maior número de afetados por desastres nos últimos 20 anos.

A logística humanitária, assim como o conceito de ações de assistência às vitimas segundo o manual da Defesa Civil Brasileira, define ações destinadas a garantir condições de integridade e de cidadania aos atingidos, incluindo o fornecimento de água potável, a provisão e meios de preparação de alimentos, o suprimento de material de abrigamento, de vestuário, de limpeza e de higiene pessoal, a instalação de lavanderias, banheiro, apoio logístico às equipes empenhadas no desenvolvimento dessas ações, a atenção integral à saúde, ao manejo de mortos, entre outras estabelecidas pelo Ministério da Integração Nacional. O decreto nº 7.257 de 4 de agosto de 2010 regulamenta a medida provisória nº 494 de 2 de julho de 2010 que dispõe sobre o Sistema Nacional de Defesa Civil – SINDEC, o reconhecimento de situação de emergência e estado de calamidade pública, sobre as transferências de recursos para ações de socorro, assistência às vítimas, restabelecimento de serviços essenciais e reconstrução nas áreas atingidas por desastre.

 

Em seu artigo 5o, descreve que o SINDEC (Sistema Nacional de Defesa Civil) é composto pelos órgãos e entidades da União responsáveis pelas ações de defesa civil, bem como pelos órgãos e entidades dos Estados, Distrito Federal e Municípios que a ele aderirem. E segundo o § 9o,define que em situação de emergência ou em estado de calamidade pública, o SINPDEC (Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil) coordenará o apoio logístico para o desenvolvimento das ações de defesa civil e poderá mobilizar a sociedade civil para atuar neste processo. As ações de ajuda humanitárias internacionais realizadas nos demonstram que, em circunstâncias de desastres, em todo o mundo, se revela uma imensa dimensão de solidariedade e de altruísmo reagindo positivamente, participando ativamente em atividades individuais e/ou em campanhas de arrecadação de donativos.

 

Os Órgãos Municipais de Proteção e Defesa Civil são responsáveis pelo planejamento, articulação, coordenação, mobilização e gestão das ações no âmbito do município, e deve desenvolver projetos e programas em todas as etapas do ciclo de gestão. Na etapa de preparação que tem por objetivo minimizar os efeitos de desastres, uma das suas atribuições é a criação de medidas de coordenação das operações e elaboração da logística de apoio. Na implantação das unidades, existem requisitos mínimos para a formalização do órgão nos casos de municípios de médio e grande porte exige-se a implantação de área específica com a de minimização de desastre que é composta por dois setores: um de prevenção de desastre e outro de preparação para emergências e desastres. Neste, tem como uma das suas finalidades, o plano de contingência, ou seja, a catalogação de todas as disponibilidades logísticas e de recursos humanos, formalizando uma estratégia de enfrentamento de desastres.

O Processo

 

Analisando a ocorrência e as possíveis ações iniciadas, geram-se dados para que possamos iniciar a implantação da metodologia que será responsável pelo processo de ajuda humanitária. Então, nesta etapa, normalmente divide-se em duas ações paralelas:

 

1.1. Estruturação ou Reestruturação (nos casos de situações onde a resposta se inicia antes da metodologia logística) de armazenagem, onde distribuem os recursos doados em uma estrutura física que será utilizada para a sua estocagem, e adequando-a. Criação de um layout operacional, que distribuirá os recursos em três áreas:

 

a) Gênero alimentício, água, leite;

b) Calçados, Materiais de limpeza, Materiais de Higiene;

c) Roupas, Roupa de Cama, Mesa e Banho, Papel Higiênico;

 

1.2. Processo administrativo e fluxo de informações (tanto do recebimento quanto da distribuição destes donativos), onde implantam recursos de controle através de formulários, e dividimos por setores como:

 

a) Recebimento de cargas doadas: tanto cargas fracionadas que chegam individualmente, quanto aquelas que chegam em grandes volumes;

 

b) Expedição de cargas: para vítimas no intuito de minimizar suas necessidades básicas ou para instituições e organizações;

 

Na estruturação do processo de gestão dos recursos, é importante atentar no desenvolvimento e empregabilidade de embalagens para melhor acondicioná-los, e assim criarmos uma estrutura que minimiza o desperdício. Sabendo, que em algumas situações é necessário criar recursos similares as existentes, mas devemos lembrar que esta ação é importantíssima para a garantida da qualidade e eficiência do processo. Então nestes processos são desenvolvidas ações como:

Gêneros alimentícios e leite:

 

a. São paletizados para que não tenha contato com o solo frio, minimizando a possibilidade de contaminação e agilizando a limpeza da área;

 

b. Seguimos as recomendações de seus fabricantes em seu empilhamento, ganhando espaço para sua estocagem;

 

c. Empregando sistema de análise da validade para que os mais próximos do vencimento saiam primeiro;

 

Água:

 

a. Empilhar respeitando marca e tipo de embalagem, e utilizado papelão e/ou madeiras para auxiliar no empilhamento de forma coerente;

 

Calçados:

 

a. Devem ser triados e divididos por sexo e tamanho em caixas e/ou boxes, assim facilitava na reposição dos bazares conforme a sua necessidade;

 

Material de Higiene e Limpeza:

 

a. Estocados em caixas próprias, ou quando em granel, acondicionadas em caixas para facilitar seu empilhamento facilitando na organização;

 

Roupas:

 

a. Estocadas em sua embalagem inicial, e assim que triadas, embaladas em sacolas por sexo, tamanho e tipo de produto, assim facilitava na reposição dos bazares conforme a sua necessidade;

 

b. Utilização de Big Bags para criação de embalagens de maior volume, facilitando assim na organização e minimizando qualquer risco de perda;

 

Roupas de cama, cobertores, travesseiros:

 

a. Empilhadas dobradas, embaladas e separadas por tipo após sua triagem, e em sua estocagem, forra-se os chãos para eliminar o contato com o solo;

 

A implantação do layout operacional acarreta maior organização, praticidade e higiene, mas para planejar e tomar decisões é necessitamos de informações embasadas que expressem as ações do processo, então podemos afirmar que os formulários administrativos introduzidos, automaticamente proporcionam informações para o desenvolvimento do banco de dados (seja digital ou físico). E ao decorrer dos trabalhos, haverá adequações e/ou modificações de acordo com a redução dos itens estocados, e novas necessidades que possam surgir.

 

São adotadas medidas preventivas de segurança e transparecia, onde são convidados integrantes de instituições governamentais, não governamentais, da sociedade ou e principalmente representantes das vitimas, seja por meio de comissão, ou por representantes. Assim integram um conselho de apoio e finalização, auxiliando diretamente no diálogo com as vítimas, na transparência e no controle das ações, gerando maior praticidade, e principalmente, contribuindo na boa relação entre o Centro de Distribuição, doadores, os órgãos e as vítimas. A integração e o atendimento multidisciplinar, com conhecimentos variados contribuem no atendimento humanizado e coeso de abastecimento, suprindo plenamente todas as necessidades das vitimas, seja em questões alimentares, ou seja, nas questões de saúde, moradia, trabalho, jurídico, e quaisquer outra demanda necessária para suprir e minimizar o impacto gerado pelo desastre. A maior ação neste processo é a integração em prol das vítimas, deixando de lado suas bandeiras e tornando peças de uma engrenagem visando a real intenção da ajuda humanitária, de forma eficaz e íntegra.

Metodologia

 

A Logística no processo de ajuda humanitária tem como base uma fusão entre os conceitos adotados pela logística militar (Intendência), onde tem como finalidade as atividades de suprimentos (alimentos, água, fardamento, equipamentos, e outros) e transporte nas mais diversas circunstancias, juntamente com os métodos adotados em Indústrias que envolvem integração de informação, transporte, estoque, armazéns, manuseio e embalagem, respeitando o conceito de cadeia de suprimentos.

 

Uma vez que envolve processos e funções integradas de maneira holística desde doador e demandas até o abastecimento/entrega do produto ao cliente final, objetivando fazer com que produtos estejam disponíveis onde for necessário, sendo direcionados diretamente às famílias, ou em pontos logísticos mais próximos, que atuariam como centros de distribuição secundários, repassariam os donativos às vítimas ao seu entorno.

 

Características de implantação do processo

 

As características de implantação do processo logístico de ajuda humanitária são:

 

· Infraestrutura física: Montagem de um Centro de triagem, estocagem e distribuição de donativos, além do acolhimento para minimizar o impacto gerado pela ocorrência.

 

· Recursos de estocagem: Utilizamos Palete, Big Bags, Madeiras, sacolas plásticas de diversos tamanhos, barbantes, fitas adesivas, entre outros recursos para acondicionamento e estocagem;

 

· Recursos Humanos: Normalmente nas operações o maior número de mão de obra é oriunda do serviço voluntário.

 

· Donativos: Através de campanha, onde resultam doações de diversos órgãos, instituições e pessoas físicas, e ao chegar são cadastrados e triados para serem estocados e, posteriormente, distribuídos.

 

Armazenagem

 

Após o preenchimento do Cadastro de Doador, onde é verificada a quantidade de cada item por seguimento (vestuário, higiene etc.), deve direcionar os materiais ao setor de estocagem, onde um conferente se responsabiliza pelo recebimento dos recursos, controle e acondicionamento do item em seu local correspondente. Para a organização setorial são designados lideres, com isso os materiais são estocados de forma correta seguindo as exigências de acondicionamento, reduzindo perdas e danos, além de agilizar o processo.

Gestão de donativos

 

Um grande volume de doações é enviado para os centros de recebimento de donativos imediatamente após ser divulgada a informação da ocorrência de um desastre, criando um pico de recebimento. Por esta razão, quanto mais rápido obtiver os dados das necessidades das vitimas e equipes e assim poder divulgar aos possíveis doadores, será melhor para o planejamento e estruturação de um processo mais eficaz. É difícil prever todas as necessidades em um processo de ajuda humanitária, pois há várias fases durante um desastre, e cada uma destas fases exigirá diferentes ações para corresponder às necessidades que surgem durante esse período.

 

Os centros de distribuição são os pontos de contato direto com todos os envolvidos no desastre, e alguns centros de distribuição podem se assemelhar a um brechó. No entanto, apenas as famílias afetadas pelo desastre devem ser autorizadas a remover itens para necessidades pessoais em seu primeiro momento. Na maioria das operações, os centros de distribuição funcionam apenas durante a fase emergencial, mas podendo atuara no período de recuperação, dependendo da necessidade. No planejamento da distribuição destes recursos é imprescindível a entrega imediata, mas sem perda do controle dos recursos para que haja o suficiente para atender as vítimas até que tenham sua independência social e financeira. Assim sendo necessário um controle minucioso dos itens estocados e do andamento dos atendimentos as vitimas.

No recebimento de donativos, devemos ser seletivo com as mercadorias doadas através de uma triagem muita bem criteriosa, a fim de segregar os recursos sem condições de uso ou que possa afetar a segurança ou a saúde de quem o receber. E quando estivermos já com a quantidade ideal para atender nosso público alvo, não devemos ter problemas em dizer: "Não.", porque devemos ser justos e conscientes com donativos para que não haja desperdício ou que afete a distribuição para outras localidades com necessidades semelhantes. O ideal seria se os doadores fizessem parte deste processo de forma mais integrada, onde ao doar tenha informações para enviar apenas o que realmente será necessário, além de enviar recursos em boas condições, limpos e prontos para ser utilizadas. Devem se pensar que estão enviando para locais com diversas dificuldades para reparo, lavar, e com diversas outras dificuldades. Essas medidas são para roupas, calçados, cobertores, e outros recursos de tecido ou que possam ser reparados, já no caso de alimentos, devemos ver data de validade e condições da embalagem, porque ao enviar recursos danificados ou sem condição de uso estarão prejudicando uma etapa do processo de ajuda humanitária.

 

Normalmente na distribuição dos donativos é adotados kits para melhor atender as demandas e facilitar na estocagem e utilização por parte de quem o recebe. Nos produtos como hortifrutigranjeiros, frutas e verduras que precisavam de um consumo mais rápido e exige um local adequado para sua estocagem, são direcionados para a alimentação das equipes envolvidas quando existem a produção de alimentos no próprio local ou são repassadas a instituições que poderão aproveitar sem perda dos mesmos.

Infraestrutura do CLH (Centro logístico Humanitário)

 

Em muitos casos, na implantação do centro logístico humanitário não poderá exigir um grande armazém, embora a estocagem adequada seja fundamental para todas as ações de apoio e recuperação. No processo, o armazém é usado para receber os suprimentos e itens em geral, além de triagem e distribuição. Porém, a área de estocagem, manuseio e triagem geralmente não é aberta ao público.

 

Na busca de estrutura para a implantação do armazém há várias questões a ser analisada como:

 

- Localização;

- Acesso;

- Tamanho;

- Estrutura; e

- Segurança.

 

Os custos operacionais também devem ser analisados, incluindo a locação (se houver), manutenção, segurança e recursos necessários para o processo. Ao escolher o armazém, deve ser criadas docas de descarregamento e carregamento. Para determinar a sua responsabilidade é importante levar em consideração a estrutura, equipamentos e pessoal que terá disponível para desempenhar seu papel.

 

A montagem da estrutura física normalmente é desenvolvida em um processo em andamento, portanto fica a cargo da logística a reestruturação do processo de assistência às vitimas, observando as características peculiares de cada produto, gêneros e embalagens, além das exigências determinadas pelo fabricante para a estocagem. Respeitando as necessidades, e defendendo a funcionalidade do armazém, são introduzidos embalagens e recursos para o acondicionamento dos itens como:

 

- Big Bags;

- Caixas de papelão e madeira;

- Páletes;

- Folhas de madeiras; e

- outros.

 

Para agilizar a movimentação interna e evitar o risco de contaminação, são implantados lotes, quadras e ruas, criando assim setores por categoria de recursos, onde normalmente é dividido por categorias:

 

- Recursos Não Perecíveis;

- Recursos Perecíveis;

- Água potável;

- outros.

 

Mobilidade

 

Função responsável de conduzir suprimentos para onde ele haja demanda, e cuja estratégia deve prever não apenas os meios necessários, mas também formas e alternativas para a entrega rápida e segura até áreas vulneráveis da região atingida. E este processo fará um papel importante na coleta de dados e informações para o planejamento de ações tanto de abastecimento, quanto na mobilidade de pessoal em caso de evacuações ou condução de equipes técnicas de atendimento às vitimas alojadas em locais afetados, dependendo da magnitude da ocorrência e o grau de vulnerabilidade da área atingida. Tornando a distribuição de produtos e a gestão dos transportes uma peça fundamental.

 

Além da movimentação de recursos materiais e pessoas, existe a mobilidade interna entre armazéns, quando os recursos tendem a ser divididos em mais locais de estocagem, quando temos falta de área ou estrutura para estocagem.

 

Distribuição

 

Na elaboração das ações o principal objetivo está em levar assistência a pessoas afetadas pelo desastre ou instituições envolvidas, assegurando o acesso a recursos e/ou serviços essenciais, evitando excesso, falta ou desperdício. Mas para que seja realizada, contamos com diversos dados vindos de setores e instituição ligada ao processo de ajuda humanitária, tendo como base fundamental para os atendimentos, o fluxo de informações com setores governamentais com: dados de localidades, atingidos, riscos, danos, entre outros.

 

Os dados gerados no processo logístico refletem todos os aspectos da operação, assim podemos calcular o público alvo, e consequentemente, qual seria a melhor linha a ser adotado a partir da quantidade de atingidos e de recursos estocado, sem poder deixar de levar em consideração o tempo de duração das operações de estocagem e abastecimento até que as famílias tenham sua independência financeira e/ou assentadas em moradias. Mas também devem ser levados em consideração os perfis das famílias que serão atendidas, porque além da distribuição ser extremamente dinâmica, os fatores determinarão as demandas onde influenciam na forma de planejar a distribuição.

 

A distribuição tem o papel de suprir a demanda das vitimas, mas também auxilia na rotatividade do armazém que necessita deste fluxo para liberar área para a chegada de novos produtos, e para eliminar a possibilidade de perda de recursos estocados devido a sua data de validade. Portanto, ao implantar o fluxo de abastecimento fará seu estoque ter maior rotatividade.

 

Muitas vezes, mesmo atendendo todas ás vitimas ainda se tem recursos em seus armazéns, então, remanejamos os recursos para outros municípios que possam ter sido atingidos e/ou demais famílias em vulnerabilidade social, tendo em vista que atendeu todo seu público alvo de forma satisfatória, e assim permitirá auxiliar outros municípios afetados, onde comprove e faça contato prévio para confirmação de atingidas e possa informar a demanda para o atendimento das suas necessidades.

Repasse de carga para órgãos públicos e/ou instituições de finalidades especifica

 

Os recursos específicos de demandas infantis ou que necessitem de maiores cuidados como: mistura para mingau, leites especiais, devem ser destinadas a programas ou instituições de atenção nutricional especializada, e neste caso, além da distribuição as famílias recebem atendimento nutricional. Nos casos de medicamentos recebidos junto com os materiais relacionados a saúde, devem ser estocado preferencialmente por profissionais capacitado na área farmacêutica, mas normalmente são repassados as secretárias municipais de saúde ou instituições voltadas para atendimentos médicos envolvidas no processo.

 

O mesmo é adotado a recursos para utilização com animais como: medicamentos, rações, vasilhas, entre outros itens que devem ser administrados por profissionais da área veterinária ou repassados a órgãos, instituições ou departamentos do setor público (Zoonose, Vigilância Sanitária, Canil ou ONG”s) direcionadas a trabalhos com animais para que sejam estocados e empregados de forma correta evitando perda ou utilização indevida.

 

Mas todos os repasses, por mais que seja a unidades interligadas, devem seguir mediante solicitação por escrito e registrado.

Descarte

 

Os donativos são fundamentais para atender as demandas das vitimas, minimizando seu sofrimento dando meios para recomeçar, além de suprir possíveis necessidades. Mas em meio de tantos recursos que chegam aos pontos de recebimento de donativos, também vão materiais danificados, vencidos, ou sem condições de uso. Nestes casos, devem ser adotadas medidas para seu descarte assim diminuindo a possibilidade de contaminação dos demais produtos ou até mesmo daqueles que o receberem.

 

As embalagens servem para proteger os alimentos e quando alteradas podem permitir a contaminação. Portanto, devem ser descartadas segundo normas dos órgãos como a ANVISA que são de não utilizar alimentos com embalagens amassadas, estufadas, enferrujadas, trincadas, furadas, abertas e com outros sinais de alteração. E nas embalagens transparentes, que permitam visualizar seu conteúdo, observar se os alimentos apresentam alteração na cor, no aspecto e se há presença de matérias estranhas. Os alimentos não perecíveis são aqueles que possuem tempo de durabilidade longo e não exigindo uma temperatura especifica, podendo ser armazenados à temperatura ambiente. Mas isso não significa não ter atenção em sua estocagem e preocupar-se apenas com prazo de validade, devendo analisar seu estado físico e ter certeza que estão aptos para o consumo, sendo assim, analisar se há qualquer alteração em sua embalagem e no próprio alimento atentes de sua estocagem ou na distribuição.

 

No caso dos eletrônicos, eletrodomésticos, e moveis que estão sem condição de uso, mas que são doados para os centros logísticos humanitários, deve ser encaminhado a instituições de reciclagem. Já as roupas e calçados que são separadas após sua triagem para serem descartadas, por estarem sem condições de uso e que afetariam diretamente a saúde das famílias que a receberiam, devem ser descartadas. Porem, em algumas circunstâncias podem ser adotadas medidas para reduzir o número de itens recusado, que através de parcerias com instituições que possuam fazer a manutenção e conserto de recursos que precisam apenas de reparo para serem reaproveitados, e em algumas peças necessitam que seja lavada, pois este tipo de trabalho se torna muito dificultoso em um armazém de estocagem e distribuição em meio a um processo de desastre, sendo inviável devido a área, mão de obra, tempo e recursos para restaurar os materiais e serem distribuído.

 

Gestão de Recursos Humanos

 

Shin e Kleiner (2003) definem como voluntário qualquer pessoa "que se oferece a um serviço sem uma expectativa de compensação monetária". As razões pelas quais as pessoas se voluntariam, são a possibilidade de crescimento pessoal, reconhecimento, realização, e um desejo de contribuir para a sociedade são alguns dos fatores que movem pessoas para a atuarem neste tipo de trabalho (Bussell e Forbes de 2002, Allison et al., 2002, Cnaan e Goldberg-Glen, 1991).

 

Os voluntários desempenham um papel vital na prestação de assistência em situações de ajuda humanitária, então devem ser inicialmente cadastrados e apresentados as normas e as atribuições que exercerão no processo, e com assim, direcionados aos respectivos setores, assim suprindo as demandas. O cadastramento e a divisão operacional respeitando qualificações e experiências profissionais de acordo com as necessidades são importantíssimas para que as ações sejam desenvolvidas de forma satisfatória, mas também para a motivação daqueles que se disponibilizam a auxiliar nos trabalhos de ajuda humanitária, e assim aproveitando ao máximo as qualificações de cada indivíduo.

 

"Os responsáveis da logística no campo muitas vezes não são profissionais treinados, mas desenvolveram suas habilidades no trabalho. iniciativas de capacitação baseada em competências e mecanismos precisam ser desenvolvidas e apoiadas, para que as habilidades dos operadores de logística humanitários e conhecimentos são elevados a níveis mais profissionais... "(Gustavsson, 2003).

 

Segurança do Trabalho e Qualidade do Serviço

 

O uso dos equipamentos e medidas de segurança é fundamental para garantir a saúde e a proteção da equipe envolvida nos trabalhos, evitando consequências negativas em casos de acidentes de trabalho. Além disso, também é usado para garantir que não sejam expostos a doenças, que podem comprometer a capacidade de trabalho e influenciando na saúde.

 

Portanto, são adotadas medidas onde todos utilizem calçados fechados, calça comprida, luvas e máscaras para prevenirmos doenças infecto contagiosas e dermatoses.

 

Controle de Informações e Banco de Dados

 

É importante estabelecer um plano de implantação das operações, descrevendo as tarefas envolvidas, com metas e responsabilidades para as ações, e determinando como o sistema de controle irá operar. O desenvolvimento de tecnologias e recursos de auxilio para o fluxo de informações operacionais são fundamentais, proporcionando meios para tomada de decisões e podendo ajudar a resolver algumas das deficiências em um processo de ajuda humanitária. Mas também é importante ter um sistema que possa ajudar na administração dos voluntários.

 

Ao implantar recursos de controle e coleta de dados, os formulários para cadastramento de recebimento e expedição de donativos têm um papel muito importante, onde contribui no registro físico de movimentação auxiliando no gerenciamento das operações. Então, tornando instrumento no planejamento das ações futuras e contribuirá diretamente na tomada de decisões.

 

As Listagens de vitimas são de suma importância para todo o processo, não apena no planejamento, mas também para o atendimento as vítimas, pois todos que são atendidos devem constar em no cadastramento realizado pela Defesa Civil ou pelos órgãos autorizados para esta finalidade. Este cadastramento de vitimas costuma ser cruzada com dados de instituições de serviços públicos como saúde, educação, habitação, energia elétrica, e outros para que possam ser confirmados e proporcionem meios de dimensionar a proporção do abalo sobre a família.

 

Conclusão

 

Nos últimos anos, a logística humanitárias ganhou maior visibilidade em gerenciamento de operações. Em uma entrevista, um porta-voz da instituição Médicos Sem Fronteiras sugeriu que "o que é necessário são de gerentes de abastecimento sem fronteiras: Pessoas para a triagem bens , definir prioridades, rotas de entregas, e direcionar os esforços de ajuda formando uma engrenagem completa" (Russell 2005 citando The Economist Agenda global em 5 de Janeiro 2005).

 

A logística humanitária constitui da integração de diversos atores e ações, que unidas de forma coesa e harmônica em um processo competente e íntegro, sem interferências externas, priorizando a vida e proporcionando dignidade às vítimas em seu recomeço. A integração de forças e instituições não apenas mostra que juntos podem mais, mas também que em um processo de desastre todos devem lutar por um mesmo objetivo.

 

Mas os trabalhos não se limitam ao abastecimento, devendo continuar auxiliando as famílias em diversas frentes, tais como: na saúde, na reestruturação psicossocial, na reinclusão no mercado de trabalho, vistoria de imóveis e garantia de segurança. Ações estas que devem ser desenvolvidas simultaneamente, e nos casos daqueles que não terão condições de retornar aos seus lares, buscar meios para uma nova moradia digna.

 

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https://nacoesunidas.org/onu-brasil-esta-entre-os-10-paises-com-maior-numero-de-afetados-por-desastres-nos-ultimos-20-anos/  

 

http://150.162.127.14:8080/atlas/Brasil%20Rev%202.pdf

http://www.defesacivil.mg.gov.br/conteudo/arquivos/manuais/Manuais-de-Defesa-Civil/Manual-PLANEJAMENTO-3.pdf   

 

http://www.estadao.com.br/noticias/geral,ibge-mostra-desastres-naturais-no-pais-de-2008-a-2013,1160592

Disponível para a cópia, desde que citada a fonte

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